Triste episódio na Câmara Municipal de Pentecoste
“Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão”.
(Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada em 1948 pela Organização das Nações Unidas)
Estou em Tauá ministrando aula pela UAB/UFC e ao ler o blog do Repórter Raimundo Moura (http://raimundomoura.blogspot.com/) fiquei espantado sobre o triste episódio ocorrido hoje na Câmara Municipal de Pentecoste. Segundo o reporte Raimundo Moura o vereador Flávio Carneiro, após intimidá-lo, disse que “iria conversar com o Presidente da mesma para proibir a cobertura das sessões”. O posicionamento do parlamentar citado pelo Moura é inconcebível, inaceitável, grosseiro, repressivo, estúpido, ilegal, imoral e ilegítimo (vou parar por aqui, mas daria para fazer uma corrente enorme de adjetivos negativos). Tento respirar aqui, porque a revolta é grande. A história de Pentecoste tem uma dívida impagável com sua gente, escrevi isso outro dia em um texto que falava do aniversário de 136 de nossa cidade. É incrível como o clima de repressão e intimidação ainda é característico em Pentecoste.
Nossa história mostra um povo comandado por coronéis que não respeitavam às leis estabelecidas e impunham suas leis e suas (in)justiças. Dizem que até delegados e juízes foram expulsos da cidade por contrariarem os posicionamentos desses senhores. Pasmem! Vez por outra, ao comentar com as pessoas mais velhas sobre isso, muitos fazem menção à pistolagem e a tantos outros absurdos pelos quais nossa gente foi obrigada a passar. Outros desconversam, olhando de lado e mudando a prosa, alguns silenciam e são possuídos por um olhar, característico daqueles que carregam o peso de humilhações. A herança da repressão ainda reside em muitas pessoas, em alguns casos particulares, parecer ser genética. Pois é, meu amigo, mas só que hoje muita coisa parece que mudou. Pelo menos o sentimento de medo não contaminou a todos e em muitos nasceu uma IMPERATIVA capacidade de se indignar.
Oh, meu amigo! Você pode pensar que é exagero, mas lhe digo que não. A liberdade de expressão sempre incomodou a muitas pessoas. Principalmente quando elas sentem seus interesses pessoais sendo contrariados. Essa lamentável atitude levanta vários questionamentos: O que levou o vereador a querer proibir a cobertura das sessões? A câmara porventura debateria alguma coisa que o povo não devesse saber? Ele não gostaria que a população de Pentecoste e do mundo (com a rádio na net) soubesse o que se passa na câmara? Será que ele sabe o papel de um vereador? Será que ele sabe que a câmara é considerada a “casa do povo”? Não sei se ele sabe, mas caso algum dia tenha sido ofendido pela rádio ele pode e deve pedir direito de resposta, estou certo de que não é o caso.
Esses questionamentos são somente para reflexões, mas aconselharia ao vereador a se matricular na Escola de Formação de Governantes. Talvez se participasse de algumas aulas e debates com o pessoal, mudasse e não tivesse mais esse tipo de atitude. Não é difícil lembrar que Aristóteles faz uma diferença entre a educação para governar e para ser governado. A liberdade de expressão é característica da democracia, justamente porque nas democracias todo o poder emana do povo e o governo não é reservado a determinadas famílias ou classes sociais. Já está na hora de haver uma rotatividade maior nos poderes (Executivo e Legislativo) da nossa cidade, isso é característico da democracia.
Meu Deus, tomara que esse impedimento não aconteça. Já pensou num absurdo desses?! Não acho nem difícil não, porque inclusive a câmara de Pentecoste já construiu uma parede de vidro onde a população (pelo menos os que vão às sessões) fica acompanhando de longe, sem poder ficar mais próximo. Isso, infelizmente, já existe! Atenção! Está na hora do Observatório do Eleitor ter ações mais enérgicas no sentido que um absurdo desses não aconteça. Para terminar, apesar de não ser da área do jornalismo, sou amante do rádio e já acompanhei muitas discussões a esse respeito. Nesse contexto, muitas pessoas classificam os que tentam impedir a liberdade de expressão em três grupos: os medíocres, os que têm algo a esconder e temem a verdade e os tiranos. O vereador em questão deveria entrar em uma dessas categorias ou deveríamos criar uma nova? Era o que tinha a dizer...
Por Nonato Furtado
(Escrito em 27 de agosto de 2009)
(Artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada em 1948 pela Organização das Nações Unidas)
Estou em Tauá ministrando aula pela UAB/UFC e ao ler o blog do Repórter Raimundo Moura (http://raimundomoura.blogspot.com/) fiquei espantado sobre o triste episódio ocorrido hoje na Câmara Municipal de Pentecoste. Segundo o reporte Raimundo Moura o vereador Flávio Carneiro, após intimidá-lo, disse que “iria conversar com o Presidente da mesma para proibir a cobertura das sessões”. O posicionamento do parlamentar citado pelo Moura é inconcebível, inaceitável, grosseiro, repressivo, estúpido, ilegal, imoral e ilegítimo (vou parar por aqui, mas daria para fazer uma corrente enorme de adjetivos negativos). Tento respirar aqui, porque a revolta é grande. A história de Pentecoste tem uma dívida impagável com sua gente, escrevi isso outro dia em um texto que falava do aniversário de 136 de nossa cidade. É incrível como o clima de repressão e intimidação ainda é característico em Pentecoste.
Nossa história mostra um povo comandado por coronéis que não respeitavam às leis estabelecidas e impunham suas leis e suas (in)justiças. Dizem que até delegados e juízes foram expulsos da cidade por contrariarem os posicionamentos desses senhores. Pasmem! Vez por outra, ao comentar com as pessoas mais velhas sobre isso, muitos fazem menção à pistolagem e a tantos outros absurdos pelos quais nossa gente foi obrigada a passar. Outros desconversam, olhando de lado e mudando a prosa, alguns silenciam e são possuídos por um olhar, característico daqueles que carregam o peso de humilhações. A herança da repressão ainda reside em muitas pessoas, em alguns casos particulares, parecer ser genética. Pois é, meu amigo, mas só que hoje muita coisa parece que mudou. Pelo menos o sentimento de medo não contaminou a todos e em muitos nasceu uma IMPERATIVA capacidade de se indignar.
Oh, meu amigo! Você pode pensar que é exagero, mas lhe digo que não. A liberdade de expressão sempre incomodou a muitas pessoas. Principalmente quando elas sentem seus interesses pessoais sendo contrariados. Essa lamentável atitude levanta vários questionamentos: O que levou o vereador a querer proibir a cobertura das sessões? A câmara porventura debateria alguma coisa que o povo não devesse saber? Ele não gostaria que a população de Pentecoste e do mundo (com a rádio na net) soubesse o que se passa na câmara? Será que ele sabe o papel de um vereador? Será que ele sabe que a câmara é considerada a “casa do povo”? Não sei se ele sabe, mas caso algum dia tenha sido ofendido pela rádio ele pode e deve pedir direito de resposta, estou certo de que não é o caso.
Esses questionamentos são somente para reflexões, mas aconselharia ao vereador a se matricular na Escola de Formação de Governantes. Talvez se participasse de algumas aulas e debates com o pessoal, mudasse e não tivesse mais esse tipo de atitude. Não é difícil lembrar que Aristóteles faz uma diferença entre a educação para governar e para ser governado. A liberdade de expressão é característica da democracia, justamente porque nas democracias todo o poder emana do povo e o governo não é reservado a determinadas famílias ou classes sociais. Já está na hora de haver uma rotatividade maior nos poderes (Executivo e Legislativo) da nossa cidade, isso é característico da democracia.
Meu Deus, tomara que esse impedimento não aconteça. Já pensou num absurdo desses?! Não acho nem difícil não, porque inclusive a câmara de Pentecoste já construiu uma parede de vidro onde a população (pelo menos os que vão às sessões) fica acompanhando de longe, sem poder ficar mais próximo. Isso, infelizmente, já existe! Atenção! Está na hora do Observatório do Eleitor ter ações mais enérgicas no sentido que um absurdo desses não aconteça. Para terminar, apesar de não ser da área do jornalismo, sou amante do rádio e já acompanhei muitas discussões a esse respeito. Nesse contexto, muitas pessoas classificam os que tentam impedir a liberdade de expressão em três grupos: os medíocres, os que têm algo a esconder e temem a verdade e os tiranos. O vereador em questão deveria entrar em uma dessas categorias ou deveríamos criar uma nova? Era o que tinha a dizer...
Por Nonato Furtado
(Escrito em 27 de agosto de 2009)
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